Cap 7. Perigo iminente.

Quando chegamos a minha casa, percebi que meu chefe tinha razão sobre o Big Brother que eu iria viver nos próximos dias, pelo menos enquanto eu não desvendasse o caso. O pior é que o tal Jonathan sabe tudo sobre leis, até onde eu posso ir e principalmente ele sabe o quanto ele é vital para que eu pudesse descobrir o que um caso tão comum teria de importante. Eu me fechei em meu quarto e o alojei no de hospedes. Fechada lá eu poderia tentar desvendar tudo sem a interferência da sua presença. Mais um problema com o qual eu ia ter que lidar. Aquele cara, misterioso e metido a grande coisa me fazia perder o prumo certas horas. Eu precisava lidar com o fato de que estava começando a me sentir atraída por ele. Por isso minha cabeça mandava sinais de alerta, sinais de perigo iminente quando estava ao lado dele. Porém se eu quisesse salvar o meu pescoço e o meu emprego eu precisava cuidar disso. Logo.


Fixei-me no laudo da perícia sobre a morte do tal analista de sistemas. Uma das alternativas dos peritos é o chamado “Confronto micro balístico”, eles fizeram a comparação do projétil encontrado no corpo do morto e da arma do suposto assassino. Eu já sabia que a arma dele estava sem ter feito qualquer disparo e até suas roupas não havia sinais de pólvora ou qualquer coisa que comprovasse que ele havia feito um disparo naquele dia. Porcaria!

O laudo dizia ainda que o projétil encontrado no corpo da vítima era de uma Beretta 92 FS, provavelmente com um silenciador. E dizia mais o disparo foi feito da porta que não foi arrombada. Que porcaria!

O laudo dos peritos que estudaram as marcas deixadas no chão do apartamento comprovou que uma terceira pessoa (ainda não identificada) esteve na cena do crime. Mais detalhadamente, dizia que o Jonathan não sei das quantas entrou no apartamento, encontrou a vitima, falou com ela e se dirigiu ao quarto. Ficou lá enquanto a terceira pessoa entrou, atirou na vítima e saiu. Ele foi encontrado na hora em que provavelmente verificava se o analista estava morto. Por isso poderia ser considerado inocente. Se fosse encontrado em qualquer banco de dados do mundo e não estivesse portando uma arma cara e difícil de ser encontrada. Mais que grande porcaria!

Eu respirei fundo. Então, pelo laudo poderia se dizer que Jonathan era inocente, porem ele sabia quem esteve no local do crime e mais, por que o tal analista foi assassinado. E mais, o que ele tinha ido fazer lá na casa de um cara aparentemente normal? Enquanto ele não abrisse a boca, seria tido também como possível cúmplice. Resolvi pular do possível assassino e suas variantes para o tal morto comum. Me parecia que tudo girava em torno dele. EU mesma faria uma pesquisa no nosso banco de dados. Liguei meu notebook e abri o site do PF, no final do site onde ficam os créditos de quem o construiu havia um nome bem familiar GP Bahia todos os direitos reservados. GP Bahia? Cliquei no nome e outro site abriu... Merda! Era o site do tal morto, inclusive estava com uma grande faixa preta na barra inferior. Ok. Das duas uma, ou aquilo era uma grande coincidência ou tinha mais sujeira debaixo do pano. Aquele site da PF que apenas funcionários tinham acesso era o site no qual nomeações eram feitas por uma espécie de sorteio. Chefes de departamento, chefes de investigação, chefes de cedes em todo o Brasil... Eu não estava gostando daquilo. A última nomeação havia sido feita há quase um ano. Entre os escolhidos estava o MEU chefe. Mas o que aquilo tinha a ver com o caso mesmo? E por que minha cabeça estava doendo só de um lado? Respirei fundo. Aquilo estava saindo do meu controle novamente. Meu chefe não teria nada a ver com aquilo. Mesmo. E além do mais fraude na Policia Federal era quase impossível.

Coloquei as mãos na testa e resolvi parar um pouco. Fui ver o Jonathan. Perguntei a um dos seus guardas o que ele havia feito o resto do dia todo, Marvel me assegurou que o preso nada havia feito de mais. Tomou um banho e ficou deitado na cama cantarolando musicas em alemão. Eu precisava falar com ele. Pedi que eles ficassem na porta do lado de fora e a qualquer barulho estranho entrassem. Recebi uns olhares de reprovação, mas na minha casa mando eu.

- Oi Jonathan. – Ele me olhou ainda deitado, mas se levantou ao ver minha expressão.

- Oi agente. Algum problema?

- Todos. Sei que você não vai me dizer por que o crime foi cometido, ou quem é você e coisa e tal, pelo pouco que conheço provavelmente poderiam te torturar e ninguém tiraria a verdade de você. Então poderia me tirar uma pequena duvida? Não há nenhuma coincidência aqui não é? Estou investigando o lado errado ou perdendo o meu tempo.

Ele levantou a sobrancelha por dois segundos.

- Os dois. A Srta. acertou todas as alternativas e afirmativas que me disse desde que entrou neste aposento. Sinceramente agente, se a Srta. preza pela sua vida entregue o caso. De qualquer forma não vai valer à pena continuar. Antes que possa descobrir a verdade sobre mim e sobre este assassinato estará morta.

- É isso que você veio fazer. Encerrar este caso e me matar se eu descobrir algo?

Seu olhar dirigido a mim estava carregado de raiva.

- Minha missão não tem nada a ver com você Enya Mello. Apenas vim limpar a sujeira antes que ela seja jogada no pára-brisa. Acredite, ela já está tomando parte do vidro bem abaixo do limpador.

Aquelas palavras, carregadas pelo seu olhar penetrante me fizeram tremer por algo que eu temia muito mais do que perder meu cargo, muito mais do que passar o resto da vida no meio do mato. Minha cabeça ferveu e eu pensei que talvez o buraco (como dizem os baianos) era bem mais em baixo. Se eu desceria até ele e voltaria era a questão.

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