Cap 2 - O estranho misterioso alvo

Eu senti um frio na barriga de novo alguns centímetros antes de ver o tal assassino, eu sabia que mesmo que aquela arma pudesse cair nas mãos do crime organizado ela não seria usada para matar um cidadão comum, a menos que um dos dois não fosse comum o assassino ou morto. Escolher uma arma cara para matar uma pessoa qualquer é no mínimo muito estranho. Eu considerei essas coisas antes de ver o assassino que estava sentado numa cadeira de frente para janela, mãos algemadas atrás da cadeira e pés também algemados. Dois policiais estavam ao lado dele.
– Muito bem, o que temos aqui? – Eu caminhei até a frente do assassino esperando ver o de sempre, homens feios e mal encarados, com expressões psicopatas. Ele estava de cabeça baixa observando os próprios pés algemados. – Podemos conversar? – Ele suspirou fazendo seu corpo inteiro se mexer levemente.  Eu preparei minha autoridade interior para encarar os olhos que provavelmente seriam frios dele. Quando ele levantou o rosto foi como se estivesse tudo em câmera lenta, ou é a mente da gente que faz isso acontecer quando alguma coisa manda um sinal de perigo iminente. O rosto dele era muito diferente de tudo que eu imaginei. Sua pele morena e o cabelo castanho escuro faziam um conjunto perfeito com os olhos verdes, uma boca bem feita e nariz afilado. Mas os olhos verdes do tal assassino não eram frios, nem zombeteiros, nem obscuros, nem psicóticos, simplesmente eram claros, claros e limpos.
Eu esperei que ele dissesse algo, qualquer coisa mesmo por que eu precisava definir seu perfil de assassino! Mas ele nada disse, apenas me olhou, estudou minha expressão facial, meu corpo detalhadamente e voltou seu rosto ao chão novamente.
– Muito bem, já que o nosso garotão não quer se pronunciar, é melhor  pegar as digitais dele na arma e depois veremos de onde vem essa criatura.
– As digitais foram pegas aqui mesmo na cena do crime e enviadas ao pessoal da busca no banco de dados do Brasil. – A perita Diva informou da porta do quarto, porém ela mordeu o lábio inferior, um visível sinal de incerteza.
– O que há de errado? Ha quanto tempo isso foi feito? – A perita hesitou olhando para o Dr. Bento. Eu fiz um sinal e nós voltamos para sala onde o defunto já estava devidamente empacotado.
Eles chegaram mais perto de mim e inclinaram o corpo para que só eu e meu chefe escutássemos.
– Fizeram uma primeira busca agente Enya há mais de uma hora, mas nada foi encontrado ainda.
– Como pode isso ser possível? Geralmente a pesquisa é rápida, ele não tem documentos? Ou qualquer informação sobre esse sujeito?
– Ele não tem nada e nem falou nada ate agora. Nem ao menos sabemos se ele é brasileiro! – Diva foi alterando a voz enquanto falava e eu fiz sinal para que ela se calasse, não seria bom histeria naquele caso.
– Fiquem aqui eu irei ao quarto novamente quem sabe arranco algo dele, enquanto isso Diva me faça o favor de pedir busca fora do país, Interpol, FBI, CIA o que estiver ao nosso alcance ele precisa estar em algum cadastro ou qualquer coisa.
– Okay. – Ela respondeu e junto com Dr. Bento começou a se movimentar. Eu voltei ao quarto e me sentei no parapeito da janela de frente para o assassino. Passei meus dedos pelos olhos e depois apertei a ponte do nariz que fica entre eles. Suspirei.
–  Anstrengenden Tag.* – Ele disse em alto e bom som, num alemão perfeito, mas não genuíno. Aquilo era a primeira pista que eu tirei com apenas um gesto? Eu o olhei novamente e ele parecia querer sorrir. Eu havia estudado alemão e falava fluentemente.
In der Tat, nur ungerade Tage.** – Eu sorri abertamente. – Então você fala alemão, mas não é alemão.
– Não, eu não sou. Assim como você. – A sua voz era clara e limpa, grave e sensual. Eu estava ficando mais intrigada e ao mesmo tempo interessada naquele caso.
– Ok então. Vou descobrir mais sobre você. – Eu me desencostei e toquei seu ombro antes de sair do quarto.
If you can. ***– Ele me desafiou antes que eu pudesse sair. Parei nas suas costas e o vi abaixar a cabeça novamente. Foi então que um brilho em especial chamou minha atenção. Uma mira laser apontando para onde estava a testa do estranho misterioso assassino, não pensei duas vezes, gritei para que os policiais se abaixassem e puxei a cadeira dele para o chão junto comigo. Houve disparos e eu corri abaixada puxando-o pela cadeira até a sala. Alguns policias atiraram, outros correram em direção a rua, provavelmente para verificar de onde partiram os tiros e depois do que pareceram ser alguns minutos, todos se levantaram lentamente. Aquilo era um péssimo sinal talvez fosse por isso que minha orelha esquerda estava tão quente. Gritei perguntando se alguém estava ferido, obtive várias respostas negativas. Olhei o assassino alvo jogado no chão, ele nem parecia surpreso ou assustado, mas quando me olhou seus olhos demonstrarão uma emoção que eu não consegui distinguir.
– Você está bem? – Eu perguntei ao assassino alvo o outro policial o levantou e me olhou de maneira esquisita também.
– Sim ao contrario de você. Toque sua orelha. – Ele disse serio. Eu toquei minha orelha e aquela coisa quente pareceu passar para minha mão. Era sangue.
– Droga! – Meu chefe que estava do outro lado da sala razoavelmente bem eu supunha, ao ver meu estado gritou para que uma ambulância fosse trazida para mim. Eu revirei os olhos e olhei o policial novamente.
– Leve-o daqui com segurança e deixe-o preso em uma cela separada no prédio da Policia Federal. Até lá o caso está em nossas mãos. – Eu olhei para o estranho novamente. - Ich hoffe, Sie haben ein großer Tag. Merkwürdig****.

Tradução dos diálogos em alemão:
*Dia difícil.
**Na verdade não, apenas dia esquisito
*** Se você conseguir.
**** Espero que tenha um bom dia. Estranho

0 comentários: